quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O pasto e o mar

Quando a noite chegar
para interrogar meu dia,
procurará nos meandros
da claridade
aquilo que foi quase sol
ao sol a pino,

a penumbra de árvores
sozinhas entre pastos
em linha reta
cortados por estradas de terra,

o pó pegando
no zunido intermitente
da vespa contando as horas
que esperavam no dia quente.

Todo o sono que eu tinha,
movia na rede da tarde.
(outras redes davam peixes)

O mar longe, tão longe,
excluía o pêndulo de tudo,
dos dias atravessados,
da minha infância...

Ele tinha um jeito molhado de moringa,
esse mar,
do tempo deixado de lado
da água dum rio enorme oceano.

O mar circundava o mundo.

E no canto do grande chão
estava eu.
Em busca das poucas sombras
encurtadas pelo sol.

Velas passavam
no pano da água,
jangadas sem peso
na imaginação.

Outras redes
mansamente davam bois.


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