Era a janela do meu quarto.
Eu via a chuva
cair sem tempo
e a ventania.
A chuva só vinha pesada
quando
ventava.
Jabuticabeiras gritavam
meu nome
numurrolongo.
E no fio das coisas
estendido
de varal sem roupas
eu atravessava o quintal.
Era o caminho que me levava
para o mundo lá fora
no movimento instável de tudo.
Meus pés sabiam
a linha suave
da cor desmanchada
do aguaceiro...
Chovia porque chovia
e eu ainda pequeno.
Na cozinha,
junto ao pão,
minha mãe rezava,
pedia tanto,
com tal fervor,
que o céu parasse.
Pedia tanto, tanto,
com tal fervor...
Não imaginava
que eu me equilibrava
na alegria.
Queimava palmas
à boca do fogão
(bentas e secas).
Palmas, acalmai...
(a fumaça das cinzas
sequer alcançava o teto)
Nem imaginava.
O Deus a ouvia
e me esquecia.
A chuva então se punha branda
e meu corpo no ar
fugia pro chão de tacos
ao lado da cama.
Meu mundo voltava
ao sussurro descansado
da garoa.
Por tempo eu esperava
o retorno da água,
do ar girante,
do trovão,
de algum relâmpago.
Dormia.
No meu sonho, jabuticabeiras
Gritavam
em meio à alegria
do vento que havia passado.
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
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Um comentário:
Enquanto o deus que ouvia ela
te esquecia,
a Chuva, o Raio, o Trovão, a Lama nos seus pés (que outros deuses são) e a cor jabuticaba
viraram
substância da sua poesia... ô Fiori, já cansei de ficar cum saudade diôce.
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