quarta-feira, 14 de outubro de 2009

França negada

Para Jairo, nego da luta

Eu preciso fazer um poema
que me cale todos os versos.
E nenhuma metáfora dentro
venha desfolhar a noite
correndo risco de estrela

fugidia

escapada.

Ah, cortar de mim todo poema
e não mais ter no mundo
inquieto
a onda deixada de maneira...

E ginga,
Amplo nos terreiros-capoeira,
o lance no ar plástico
da suposta ação estática
a linha dos pés em voo.

Pauta não escrita
a quero nua
para uma nova história

dos seus movimentos

dos seus movimentos

dos seus movimentos!

A ponta da agulha em jogo
aponta para a madrugada.

E lá está o caminho das águas!

Águas de chegar,
caçado,
sequestrado,
torturado,
assassinado.

Eu preciso que me cale todo o verbo.
Porque amo o silêncio da noite
passada ao lado
da senzala.

O jeito de parar o mundo quando não fala.
O ponto final das coisas que começam...

Eu preciso que me cale todo o verbo,
Porque amo esse traço de brasa
nós pés

dor e vi0lência
divisão e violência
corrente e violência

como secar mudo o orgulho de palavra solta?

Três vezes!

Três cores em uma bandeira

em três palavras revolucionárias

continuam singrando o caminho imposto

Das águas,
das lágrimas,
dos seus olhos tão oceano,
meu resgate.

Ah, capoeira, dance no convés para que nos guie na maré bruta
e sem sentido.

As palavras adormecem três revoltas no mar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Na Revolta, verbo de viradeira,esses passos, de longe pra cá. Movimento.
Vida longa pro cês, que não são fracos não!! Caráii..
Lia

Luiz Claudio disse...

Fiori, que dure para sempre essa fase produtiva, com tantas palavras a nos ofertar poesia!