terça-feira, 20 de outubro de 2009

Antônio da entrada do mato

Conforme o gosto das coisas
Deixo a onda bater na nau.

E nave arremetida
Contra o rochedo
Sabe da calmaria de sua íris
Chamando o sol.

O poeta cata conchas no chão.

Preguiça ter o corpo posto ao vento
Fazer dos sentidos
A mão única do meu pai passado
Pai das águas
Consertando sinos
Da infância
Para a dor
Fugir ao dobre
Triste.

O poeta esquece conchas no chão.

Antônio caboclo
Da entrada do mato
O pito pendendo o mundo.
No seu jeito indígena de olhar
Sempre sempre
Me pareceu negro
De tão sábio...

Apontava Tatetu
No começo da noite.
Tinha luzes no fim de tudo.

E o mato - eu não sabia! - era o oceano.

4 comentários:

Luiz Claudio disse...

Caramba Fiori ...
muito bom cara.

Mari Stumpf disse...

Saudades, sempre.

Enredos do meu povo simples
para os Maranduvas


Lendo os enredos
Do meu povo que é tão simples
Ouvindo histórias
E seus nobres contadores
Eu vejo estradas construídas
Na minh'alma
Por onde passa o mundo inteiro bem ali

São retirantes
Seresteiros, viajantes
E cada qual
Com sua história pra contar
Eu abro as portas da minh'alma
Pra que eles
Nos surpreendam com seu jeito de falar

São tradutores dos sentimentos do mundo
Bem aventuram que não sabem onde chegar
Costroem pontes de palavras
Pra que volte
Quem está perdido
Sem saber como voltar

São artesãos
Que tecem fios de histórias
Que nos costuram numa mesma direção
Enredos simples, rebordados de violas
Canções antigas pra alegrar o coração

Eh viola violando livre
Viola vibrando triste
Nas cordas do coração

Eh poetas que pensam o mundo
Por onde Deus acha o rumo
Pra tocar meu coração

Eh retalhos de vida e morte
Poetas que escrevem forte
A história que somos nós

Luiz Claudio disse...

Parabéns Marina, isso merece ser publicado no blog ...
valeu !!!

Mari Stumpf disse...

Luiz,

Olá,

Não sei quem é o autor, ok!

Gostei do texto, combina com vocês.

Abraços