segunda-feira, 3 de agosto de 2009

In versão climática

Chove no Sul,
e no entanto nada me tira da cabeça que o que vivemos é seca, deserto.
Mas abre em nós qualquer coisa que quando chega à veia quer bater tambor!

Pedregulhos ferem nossos pés pra esse solado frágil que adquirimos sem aviso.
A poeira branca foge de vista, embaça e cria paredes em nossos olhos.

A fome é aguda no novo shopping center.

Palavras mal ditas calam-me.
Quero novamente o riso bobo-da-corte me esparramando pra além do que é constatação apenas e ferina. Sem saber fazia mais e arava brava.

O que tenho são só pesadelos ainda, o sonho é esse, dessa casa.
Chove no Sul como reticências pedindo uma brenha pro ato de afirmação!

3 comentários:

Fernanda Rodrigues de Miranda disse...

A força nunca seca, pra água que é tão pouca.
Esqueça não: no bambueiro, na raiz do bambuzal, tem ninho de cobra coral.
E elas vão caminhando, de inesperado em inesperado.

Assaz Lião, você sabe: a gente quer passar um rio a nado, e passa. Mas vai dar na outra banda é num ponto muito mais em baixo, bem diverso do em que primeiro se pensou. Viver nem não é muito perigoso?

Anônimo disse...

Se isso num é talento, me conta o que é? Beijos.

Lia Maria disse...

Viver é que é muito perigoso pra quem não sabe improvisar...
Sigamos aprendendo o improviso, que para longe de máscaras adequadas é exercício de transformar o atrofio de asas em céu aberto dentro do peito! oxenti!
Fioriflor (e nem por isso tão forte) Obrigado pelo alento da palavra. Vai no vento alguns versinhos xexelentos (mas muito comoventes, com muito carinho)

Quem te nomeou?
E já sabia que seria assim?
Sem fim, que nem querubim.

Mão de irmão é assim.
Se é destino, que bom!