sábado, 13 de novembro de 2010

Bastidor de palavras

Quando eu escrever
Meu último poema

Venha o sol cobrir
Toda palavra
Numa sombra tênue
Toda palavra
Que não costurei à luz.

À luz dos campos
Do meu Brasil.

Um homem a vida inteira atravessa
As palavras.
Sal de jangada
Na margem do rio imprime
O voo do pássaro.
A mão breve leva enxada
E água.

A vida vem no fim.

Quando eu escrever
Meu último poema
Porei o bastidor no mar.

Aves de agulha e linha
Terão no bico a imagem
E a bússola aguda
Apontará ao norte
A morte
Bordada no texto.

Palavra é sempre sempre
Peixe pescado na rede.

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