sexta-feira, 2 de abril de 2010

Ontem

Ah as pedras morrendo no tempo.
Esse sítio de aves repartidas.

Ontem me vi perto do chão, da terra.

Mansamente me vi perto do chão, da terra.

E esse galo, que agora atravessa
O meio das coisas,
Com seu canto,
Veio botar
Dentro
Da terra em cordão
Que trago batendo comigo
O compasso da vida.

Meu coração ditará, um dia,
Não há democracia no país das vísceras,
Quando a narrativa deve terminar.

E assim, na luz que completa a tarde,
Nascerá em mim
A dor das árvores postas,
As pedras, as aves
No passo de existir.

Ontem colhi as roupas dos varais pela nação,
Pela periferia,
Nesse lúcido campo sem centro,
Como se acarinhasse
Com ternura
A mulher que as lava.
E ela adormecia num país justo...

Ontem fui a vida inteira.

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